Responsável por 63,25% de toda a produção de algodão no
Brasil e 40,81% do total de grãos aqui produzidos, sendo 20,84% da produção de
feijão, o Centro-Oeste tem importância vital no equilíbrio econômico do País. E
esse fator torna o momento da agricultura da região e de todo o Bioma Cerrado
em um grande desafio para produtores e para a pesquisa brasileira, dado aos
ataques de insetos nocivos à atividade agrícola.
Os surtos populacionais de Helicoverpa armigera,
principal praga da cultura do algodão na Austrália, África e Ásia, e que
aparece agora já em 21 estados brasileiros, e a mosca-branca ou Bemisia tabaci,
já conhecida dos pesquisadores do País, transmissora do vírus do mosaico
dourado, que assola lavouras de feijão, se não controlado, são duas das
principais pragas a serem combatidas nesse caso.
Considerada quarentenária, nomenclatura atribuída a pragas
que não são originariamente do País, a Helicoverpa armigera é de
difícil manejo e apresenta grande capacidade de resistência a inseticidas
utilizados em seu controle. Em função das condições climáticas favoráveis que
encontrou no País e de sua grande capacidade de dispersão a longas distâncias,
a praga já se tornou o maior problema fitossanitário das principais culturas de
verão de todas as regiões produtoras do Brasil.
Quanto à mosca-branca, além do alto potencial reprodutivo
(uma fêmea pode colocar até 300 ovos), ela se alimenta de mais de 600 plantas e
a gama de hospedeiras tem aumentado no decorrer do tempo, fato atribuído, entre
outras razões, ao uso de práticas agrícolas de monocultivo irrigado. Em
decorrência da alta incidência da praga na cultura do feijoeiro comum, bem como
sua alta população nas lavouras de soja de sequeiro, de algodão, tomate e
hortaliças, nas regiões no Distrito Federal, Goiás e Noroeste de Minas Gerais,
a Embrapa Arroz e Feijão recebeu solicitação de técnicos representantes do
setor produtivo de diferentes instituições ligadas ao setor agrícola, para
criação de um Grupo de Trabalho, com o objetivo de estabelecer diagnóstico
técnico e propor ações e providências para a convivência e controle da
mosca-branca no sistema produtivo.
A solução proposta para o momento é o Manejo Integrado de
Pragas – MIP, uma tecnologia desenvolvida em parceria pela Embrapa e outras
instituições, que adota uma série de técnicas contra insetos nocivos às
lavouras, dentre os quaisHelicoverpa armigera e mosca-branca. As
estratégias de MIP incluem o controle biológico, controle cultural, controle
genético (resistência de plantas a insetos), controle comportamental e controle
químico.
Especificamente para a redução populacional da H.
armigera, segundo José Ednilson Miranda, entomologista do Núcleo do Cerrado da
Embrapa Algodão, que atua na Embrapa Arroz e Feijão, essas diversas estratégias
devem ser adotadas em todas as lavouras de cada região produtora. “A adoção
plena do Manejo Integrado de Pragas é condição sine qua non para a redução
populacional dessa e de outras pragas-chaves das culturas, de modo que a
produção agrícola da região continue sendo economicamente viável”, afirma
Miranda.
Segundo a entomologista, pesquisadora da Embrapa Arroz e
Feijão, Eliane Quintela, nuvens da mosca-branca têm sido observadas no Ceará,
Bahia, Rio Grande do Norte, Paraná, Mato Grosso e Goiás. Na safra 2012/13,
nessas regiões, os danos causados pelo inseto atingiram 69% da produção, com
R$1,7 bilhões de perdas no feijoeiro e soja. “Foram estabelecidas várias ações
emergenciais para o manejo integrado da mosca-branca, com ênfase no vazio
sanitário para o feijoeiro comum, que ficou estabelecido para o Distrito
Federal e os municípios do Noroeste de Minas Gerais”, informa Eliane Quintela.
Os municípios mineiros incluídos na ação foram: Arinos, Bonfinópolis de Minas,
Brasilândia de Minas, Buritis, Cabeceira Grande, Chapada Gaúcha, Dom Bosco,
Formoso, Guarda-Mor, João Pinheiro, Lagoa Grande, Natalândia, Paracatu,
Riachinho, Unaí, Uruana de Minas, Urucuia e Vazante.
O MIP considera a utilização de todas as técnicas
agronômicas adequadas para reduzir as populações de praga e mantê-las em níveis
abaixo daqueles que causam dano econômico. Essa filosofia visa garantir a
sustentabilidade da cultura ao longo dos anos, a diminuição do custo e o
aumento da qualidade da produção. Pelo MIP, é fundamental que os técnicos das
fazendas tenham noções de biologia, ecologia e comportamento das pragas.
Aliados a esses conhecimentos, a interpretação da situação fenológica e
nutricional das plantas e sua interação com as condições do ambiente fornecem
subsídios para a tomada de decisão no controle das populações de insetos-praga.
O monitoramento eficiente e constante da lavoura é fator determinante para que
as várias estratégias de controle possam ser utilizadas em tempo hábil.
Técnicas adotadas no MIP
Entre as medidas de controle biológico, destacam-se a preservação do complexo de inimigos naturais presentes no agroecossistema (controle biológico natural), por meio do uso criterioso de inseticidas seletivos, e liberações inundativas de inimigos naturais nas lavouras (controle biológico aplicado).
Entre as medidas de controle biológico, destacam-se a preservação do complexo de inimigos naturais presentes no agroecossistema (controle biológico natural), por meio do uso criterioso de inseticidas seletivos, e liberações inundativas de inimigos naturais nas lavouras (controle biológico aplicado).
Para as ações de controle cultural, destaca-se a observação,
em caráter obrigatório, de período de ausência de hospedeiros da praga, os
chamados vazios sanitários. Ações nesse sentido estão previstas para o algodão,
no segundo semestre de 2013 e início de 2014, em Goiás, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais e Distrito Federal.
Já o controle comportamental consiste na utilização de
dispositivos com feromônios específicos para o monitoramento da chegada da
praga nas lavouras, auxiliando na tomada de decisão de seu controle.
Finalmente, o controle químico, que deve ser utilizado com
critério, somente após a observação de níveis populacionais que causem dano
econômico, rotacionando-se grupos químicos e utilizando-se produtos seletivos
aos inimigos naturais.
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