sexta-feira, 31 de maio de 2013

Congresso de Olericultura começa dia 05

A Universidade Estadual do Centro-Oeste vai sediar, nos dias 05, 06 e 07 de junho, o primeiro Congresso Paranaense de Olericultura em Guarapuava.
Com a promoção da Associação Brasileira de Horticultura (ABH), e apoio do Sindicato Rural de Guarapuava, o evento tem a intenção de reunir a comunidade acadêmica de todo Estado para discutir o tema: “Panorama e perspectivas do agronegócio de hortaliças no Paraná”.   
Discutir e apresentar a atual situação da cadeia produtiva das principais hortaliças cultivadas no Paraná faz parte dos objetivos do Congresso, que vai debater temas como: manejo fitotécnico da produção, pós-colheita, armazenamento, industrialização e comercialização.
O presidente do evento e professor do departamento de Agronomia da Unicentro, Jackson Kawakami, declara que a realização do Congresso é de suma importância tanto para visibilidade da Universidade quanto da cidade. “Acredito que a principal contribuição é trazer a Guarapuava palestrantes renomados de várias áreas para falar de temas relacionados à olericultura. Isso coloca a universidade em destaque no cenário estadual”.
Segundo a organização do Congresso, até o momento, o evento conta com cerca de 350 inscritos. “A nossa expectativa de público já foi superada. No início, esperávamos 300 pessoas, agora já estamos pensando em limitar para 450 inscritos, por conta da limitação no espaço físico”, disse o professor.
Entre os inscritos, além de acadêmicos da própria instituição, já está confirmada a vinda de 40 alunos da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e também dos alunos de colégios agrícolas. “Esse intercâmbio entre alunos é muito positivo para o evento, e a vinda de palestrantes que trazem vivências e pontos de vista diferentes sobre olericultura é benéfico para o ambiente acadêmico”, comenta Kawakami.
O Congresso de Olericultura faz parte dos projetos de extensão que Unicentro promove, realizados com intenção de complementar o conhecimento repassado em sala de aula. Com relação à escolha do tema, o presidente do evento afirma que é importante que o I Congresso traga um panorama geral sobre a produção de hortaliças em todo o Estado. “O Paraná tem destaque na produção de hortaliças, como a nossa região na cultura da batata”. Com programação extensa, durante os três dias vão ser realizados de forma integrada, outros dois eventos junto ao Congresso, o I Simpósio da Associação Brasileira de Horticultura do Paraná e II Seminário do Programa Paranaense de Certificação de Produtos Orgânicos.
A abertura oficial do Congresso será a partir das 20h. do dia 05, no Boulevard Grill, com a palestra do professor homenageado como presidente de honra, João Carlos Athanázio, da Universidade Estadual de Londrina. Já no dia 06 e 07, das 8h às 17h30 serão ministradas palestras em três auditórios, divididos por temas. No auditório central do Cedeteg, vão abordar temas relacionados à folhosas e frutos; no auditório de biologia, raízes e tubérculos e no auditório do PDE serão ministradas palestras sobre orgânicos e plantas medicinais. “Sabemos que nos últimos anos as culturas do tomate e cebola têm ganhado adeptos em Guarapuava. Assim, temos uma expectativa de levar informação de boa qualidade para os produtores e a comunidade de modo geral”, comenta o professor.
O presidente do evento destacou a necessidade e importância das parcerias na concretização do Congresso. “O Sindicato Rural foi uma das primeiras entidades que conversamos e deram resposta positiva. É muito importante o contato com as empresas e entidades, afinal de contas, nós organizamos a parte técnica e científica para levar informação para toda cadeia. O evento vai fomentar outras discussões e até atividades relacionadas à pesquisa. É de fundamental importância esse apoio, e fomos muito bem recebidos”.
Para se inscrever e visualizar a programação completa do Congresso acessar o link: http://eventos.unicentro.br/cpo2013/.

[ Fonte: Dia de Campo ]

Mandioca: cultura de pobre ou de rico?

A mandioca é uma cultura pré-colombiana. Quando os colonizadores portugueses chegaram ao Brasil já encontraram os povos americanos consumindo a mandioca e a confundiram com o inhame, tubérculo já então conhecido no continente europeu.
A mandioca de grande importância econômica, social e política para o Brasil, vem participando da história de nosso país desde o império. Logo após a proclamação da república, em 1823 foi promulgada a primeira constituição do Brasil. Na época os constituintes prepararam um anteprojeto constitucional, que deveria ser a base da Constituição Nacional. Esse documento tinha um caráter anticolonialista, com certa rejeição ao estrangeiro, principalmente contra os portugueses, devido às constantes lutas com os brasileiros na Bahia, no Pará e na Cisplatina com  ameaças da recolonização do país. Além de afastar a ameaça da recolonização e do absolutismo, era preciso evitar o radicalismo das camadas populares. Assim, para afastar a massa popular e os comerciantes portugueses, o anteprojeto estabeleceu a eleição em dois graus, de tal sorte que somente a aristocracia rural pudesse eleger seus representantes. A capacidade eleitoral foi condicionada à renda, não em dinheiro, mas com base numa mercadoria de consumo corrente: a farinha de mandioca. Daí o nome de "Constituição da Mandioca" dada pelo povo, cobrindo de ridículo o anteprojeto. Nela constava que os eleitores da paróquia, ou de primeiro grau, tinham que ter uma renda mínima equivalente a 150 alqueires de farinha de mandioca. Eles elegeriam os eleitores da província, cuja renda mínima deveria ser de 250 alqueires.  Estes, por sua vez, deveriam eleger os deputados e senadores que necessitavam ter rendas equivalentes a 500 e 1000 alqueires, respectivamente (KOSHIBA; PEREIRA, 2009).
Mas a mandioca foi tão importante para a colonização do país que sem ela estariam inviabilizadas as grandes navegações, considerando que a farinha de mandioca passou a ser a fonte alimentar de carboidratos nas caravelas. Nas Entradas e Bandeiras rumo à conquista do sertão brasileiro, juntamente com a carne de boi, viabilizou a dieta dos exploradores com a dupla “carne seca e farinha”, tanto que ficou conhecida como “farinha velha de guerra”.
A mandioca é uma cultura tão abençoada que mesmo sendo cultivada em diferentes níveis tecnológicos, ainda assim se constitui na mais importante cultura nacional, do ponto de vista da segurança alimentar. Tanto que para os agricultores familiares descapitalizados, a última cultura que eles deixam de plantar é a mandioca. Na pior das condições de cultivo, ainda assim, produz no mínimo uma tonelada de proteínas e duas toneladas de carboidratos.
Pergunta-se: a mandioca é uma cultura de pobre ou uma cultura de rico? Depende do contexto econômico, social e político em que ela se insere. No Paraná é uma cultura do agronegócio do estado, com excelente geração de empregos e renda, mantendo inúmeras agroindústrias com objetivo principal para transformação de fécula para exportação, produto com mais de mil aplicações. A Tailândia, país do sudeste asiático que levou material genético de nosso país, transformou-se em primeiro exportador de pelets e fécula de mandioca para o mundo. No Brasil são raros os estados e municípios que tenham em seus planos agrícolas, ações dirigidas ao fomento da cultura da mandioca.
Para reflexão sobre as diferenças entre cultura de pobre ou de rico cabe intensificar a discussão sobre dois perfis de mandiocultores prospectados no estado do Pará: o classe A, agricultor com nível tecnológico mais elevado, tanto no sistema de cultivo, quanto no de processamento da farinha e que tem o foco de seu empreendimento voltado para o mercado; o classe B, que cultiva a mandioca em sistema tecnológico tradicional e processa a farinha em instalações rudimentares, com o objetivo de subsistência e pequeno excedente para o mercado.
O agricultor classe A cultiva a mandioca em sistema semi-mecanizado com área média de 10 hectares anuais, com preparo de solo no sistema de aração e gradagem com reposição de fertilidade com esterco de aves, resíduos de cultura e fertilizante químico. Planta a mandioca com seleção de cultivares,  preparo de manivas-semente e com definição de espaçamento entre plantas. Faz o controle de invasoras fazendo até duas aplicações de herbicidas, complementado com uma a duas capinas manuais e colhe mandioca conforme a necessidade de processamento após os 12 meses, com produtividade média de 25 t/ha. Processa em média 30 sacos de farinha por semana.
O agricultor classe B cultiva mandioca em pequenos roçados de uma a três tarefas (um hectare), com preparo de área no sistema de derruba e queima em capoeiras de curto pousio. Planta a mandioca sem seleção de cultivares, sem preparo de manivas-semente e sem definição de espaçamento entre plantas. Faz de uma a duas capinas para o controle de invasoras e colhe mandioca conforme a necessidade de processamento após os 12 meses, com produtividade média variando de 9 a 12 t/ha. Processa em média 3 sacos de farinha por semana. Na Tabela 1, apresentam-se os indicadores de rentabilidade dos dois perfis de agricultores. 
A relação benefício/custo foi de 1,19 e 1,20, respectivamente, para o classe B e classe A. Isso indica que cada real investido pelo agricultor classe B retornou apenas R$ 1,19 na colheita da mandioca enquanto que para o agricultor clase A retornou R$ 1,20. No tocante à margem bruta, a do agricultor classe A foi  1,8 vezes maior que o agricultor classe B. Ressalta-se que o agricultor classe A cultiva em média 10 hectares por ano, portanto a lucratividade  de sua lavoura foi de R$ 9.12,87 enquanto que a do agricultor classe B com apenas um hectare foi de apenas R$ 498,14. O custo unitário de uma tonelada de mandioca foi estimado em R$ 147,33 no sistema do agricultor classe B e de R$ 149,57 no do agricultor classe A.
A renda anual do agricultor classe B se forma da soma da renda bruta de sua lavoura (R$ 498,14) mais a venda de 96 sacos de farinha ao preço de R$ 65,00 (R$ 6.240,00), totalizando R$ 6.738,14. A renda anual do agricultor classe A se forma da soma da renda bruta de sua lavoura (R$ 9.128,70) mais 30% da venda de 1.440 sacos de farinha ao preço de R$ 65,00 (R$ 28.080,00), totalizando R$ 37.208,70. A propriedade do agricultor classe A tem 25 hectares, sua casa é de alvenaria coberta com telha de barro, com varanda externa, sala, dois quartos, cozinha, sanitário interno com fossa asséptica, possue televisão com parabólica, telefone celular, aparelho de som, DVD, móveis, camas para toda a família, fogão a gás. Possui veículo de passeio, motocicleta, bicicleta, trator usado na lavoura e  caminhão para o transporte e compra raiz de mandioca para atender a capacidade de produção de sua farinheira. Sua casa de farinha é classificada como semi-indústrial.
A propriedade do agricultor classe B tem 25 hectares, sua casa é de taipa, coberta com telha de barro, contendo sala, quarto e cozinha, sanitário de fossa negra , possue uma televisão com parabólica, uma mesa rústica com bancos para refeição, um fogão a gás e a família dorme em redes. Possue uma moto e uma bicicleta para transporte. Sua casa de fariha é classificada como rudimentar e não chega a funcionar em sua capacidade máxima de produção.

Conclusão
O conceito de riqueza e de pobreza da cutura depende do contexto econômico, social e cultural em que ela se insere. No Brasil Império a cultura da mandioca foi instrumento de poder para delimitar a classe dominante dos excluidos politicamente. No esquecimento do fomento nacional, se tornou a segurança alimentar da população brasileira de menor renda. Transformou-se no agronegócio de exportação do estado do Paraná e o produto de maior significância alimentar dos dois maiores produtores brasileiros, os estados do Pará e da Bahia. Foi levada do país e transformou a Tailândia, no sudeste asiático, como maior exportador de pelets e fécula de mandioca.

O perfil dos agricultores paraenses, o classe A e o classe B, caracerizam bem o estado de riqueza e de pobreza que, considerando os contextos econômicos, social e cultural, em função dos diferentes sistemas de manejo, configuram o retorno de investimento que a cultura pode proporcinar. Cabe ao poder público e à sociedade optar pelo aumento do número de agricultores classe A ou permanecer o quadro dos agricultores classe B. Se aumenta os investimentos para a agricultura familiar desenvolver-se no agronegócio semelhante ao  Paraná e Tailândia ou permanecer como está.
Deve-se destacar que a farinha de mandioca foi o produto que mais impactou a cesta básica do brasileiro em 2012. Nos últimos 12 meses (fevereiro 2012 a fevereiro de 2013) a farinha aumentou no Pará de R$ 2,97 para R$ 6,83, um aumento de 130%, enquanto a inflação para o mesmo período ficou em 6,77%. Por isso a farinha deixou de ser um produto de subsistência para ser um produto de luxo, que tem preço 2,76 vezes mais elevado que o arroz (R$ 2,47), 1,45 mais que o frango congelado (R$ 4,70) e 1,35 maior que o preço do feijão (R$ 5,04), em fevereiro de 2013.

Referências
ALVES, R. N. B.; MODESTO JÚNIOR, M. S.; CARDOSO, C. E. L.; NASCIMENTO, R. P. N. Sistemas e custos de produção de raiz de mandioca desenvolvidos por agricultores de Castanhal – Pará. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MANDIOCA 14.; FEIRA BRASILEIRA DA MANDIOCA, 1., 2011, Maceió. Mandioca: fonte de alimento e energia: anais. Maceió: ABAM: SBM, 2011. 1 CD-ROM.

KOSHIBA, L; PEREIRA, D. M. M. História do Brasil. Editora Atual, 7ª Edição, revista e atualizada 1999, 388p.

Por Raimundo Nonato Brabo Alves e Moisés Modesto Junior  (Embrapa Amazônia Oriental)
[ Fonte: Dia de Campo ]

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Quinta no Campo!


Confira como é realizada a avaliação de novas variedades potenciais de cana-de-açúcar da CanaVialis.

Os times de desenvolvimento técnico de produto e de breeding da Monsanto se reúnem anualmente no pólo regional em Mandaguaçu-PR e nas usinas paranaenses, onde se encontram os ensaios de competição de clones, com o intuito de avaliar o potencial de seleção dos materiais que no futuro serão as prováveis novas variedades de cana-de-açúcar.

Nesse contexto, é realizada uma seleção dos campos que serão avaliados, considerando uma série de fatores, como por exemplo, o estágio de corte, o ambiente de produção que estão alocados, entre outros. Os profissionais da empresa fazem uma avaliação visual e uma operação de brixagem instantânea dos materiais que se destacam nas condições de campo a que estão submetidos nos ensaios, e dão notas para cada material.

Após o fechamento desta “rodada” no campo, é feita uma reunião, onde são traçados os dados de melhoramento genético da empresa com os resultados das avaliações de potencial de seleção realizadas, e ocorre uma listagem de candidatos a avanço a serem plantados em áreas pré-comerciais nas usinas, com isso, conseguimos resultados mais assertivos e de maior impacto para o setor sucroalcooleiro.


[ Fonte: CanaVialis ]

Nova cevada cervejeira para áreas irrigadas

A cultivar BRS Itanema é o lançamento da Embrapa Trigo e da Malteria do Vale para atender a demanda de cevada cervejeira nos cultivos irrigados de SP, GO, MG e DF. No Brasil, a área de cevada deverá crescer 15%, ultrapassando os 120 mil hectares. O período de semeadura se estende até meados de julho.
A cevada cervejeira BRS Itanema apresenta ciclo precoce e superior tamanho de grãos, além de potencial de rendimento superior a 7.000 kg/ha com adaptação às principais regiões irrigadas de SP, GO, DF e MG. Seus grãos alcançam classificação média superior a 85% de Classe 1 e o malte apresenta perfil de qualidade que atende as especificações da indústria cervejeira. Com ciclo de uma semana a dez dias mais curto que as demais alternativas em cultivo, BRS Sampa e BRS Manduri, a BRS Itanema será alternativa importante e vantajosa para o mix de cultivares praticado pela indústria de malte. A cultivar é fruto da parceria entre a Embrapa Trigo e a Malteria do Vale e foi apresentada durante a 29ª Reunião Nacional de Pesquisa de Cevada, nos dias 16 e 17 de abril.
A área de cevada no Brasil cresce pelo terceiro ano consecutivo, apesar das frustrações com o clima que levaram a quebra de 30% na última safra. A previsão é chegar aos 123 mil hectares (ha) neste ano, distribuídos no RS (63 mil ha), PR (53 mil ha), SC (4 mil ha) e SP (3 mil ha). O rendimento médio projetado é de 3 mil kg/ha. 
No estado de São Paulo, a cevada é cultivada em sistema irrigado há seis anos, período em que a área aumentou em 43% e a produção praticamente duplicou. A principal empresa do ramo é a Malteria do Vale, de Taubaté, SP, que fomenta 3 mil ha junto a 60 produtores. De acordo com o engenheiro agrônomo da Malteria, Emílio Gotti Filho, a principal dificuldade da cevada é a competição do espaço irrigado com culturas mais rentáveis, como batata e feijão. A estratégia da empresa foi antecipar o início da semeadura para o mês de abril, permitindo colher a cevada com cerca de 110 dias e depois ainda fazer o plantio do feijão. “São duas excelentes safras, considerando que a cevada tem produzido rendimentos médios próximos a 5 mil kg/ha. A antecipação do plantio também diminui os riscos de chuvas de primavera na colheita”, explica Gotti.
No Paraná, o fomento da cevada é realizado pela Cooperativa Agrária, que administra a maltaria Agromalte, em Entre Rios, PR. O cultivo existe desde 1973 e, atualmente, envolve 180 famílias numa área que varia entre 30 a 35 mil hectares. A cevada é a principal cultura de inverno e está gradativamente roubando espaço do trigo na região centro-sul do Paraná. Na safra 2011/2012, mais de 4 mil hectares migraram do trigo para a cevada. Desde 2006, a área de cevada dobrou, com produtividades sempre acima de 3 mil kg/ha. Além do rendimento, cerca de 1 mil kg/ha superior ao trigo, a cevada tem o ciclo mais curto, o que permite a entrada da soja mais cedo na lavoura. Segundo dados de pesquisa da FAPA/Agrária, a soja plantada na resteva da cevada pode resultar em ganho de até 5 sacos por hectare quando comparado ao resultado após trigo.
Para o pesquisador da AmBev, Mauri Botini, “a cevada do Brasil não fica atrás para qualquer cevada do mundo. Nós temos excelente produtividade, qualidade e produção de malte. O grande limitador é o clima. Gostaríamos de não precisar importar cevada da Europa e sim gerar divisas aqui, na América Latina”, afirma Mauri, lembrando que o clima frustrou a produção nos três principais países produtores na América Latina – Brasil, Argentina e Uruguai, responsáveis por 70% da produção de malte da AmBev. A expectativa da empresa, líder mundial no segmento de cervejas, é crescer 20% ao ano na área de cevada cervejeira no Brasil, especialmente nas regiões onde a qualidade dos grãos é mais estável. Somente em 2012, o número de produtores ligados à empresa aumentou em 33%, localizados em grande maioria no Rio Grande do Sul.
Estudo apresentando pelo pesquisador da Cooperativa Agrária, Noemir Antoniazzi, avaliou que, desde a década de 70, quando iniciaram as pesquisas com melhoramento de cevada no Brasil, o rendimento médio das lavouras passou de 1.700 kg/ha para 4 mil kg/ha. O teor de proteínas, indicativo de qualidade para a indústria, reduziu de 14 para 10% e o extrato de malte passou de 80 para 84% (avaliação com base nas sete cultivares mais plantadas no estado do Paraná no período 1973-2012). “O esforço da pesquisa possibilitou aumentar a competitividade da cevada brasileira frente à concorrência externa”, afirma Antoniazzi.
Apesar da Austrália estar posicionada como o 6º maior produtor mundial de cevada em 2012, as variações do clima ainda causam grandes oscilações na produção: em anos chuvosos os produtores cultivam oleaginosas como a canola, e, em anos secos, é a vez da cevada e do trigo. O sistema brasileiro de produção de cevada e, principalmente, a organização da cadeia produtiva chamou a atenção do pesquisador Jason Eglinton, da Universidade de Adelaide, na Austrália, que visitou o país no mês de abril e ficou impressionado com os resultados apresentados pela pesquisa: “Na média, nossos rendimentos são de 2 mil kg/ha, a metade do que tem-se obtido aqui no Brasil. E a forma como pequenos grupos orientam a produção também é um exemplo para garantir maior liquidez na venda dos grãos, padronizando a qualidade do malte brasileiro”, avalia Eglinton.
“Hoje nós atingimos um patamar, sob o ponto de vista genético, competitivo em qualidade e também em rendimento, mas nós precisamos produzir cultivares que tenham melhor perfil de resistência a doenças, tanto para reduzir os custos de produção, quanto para gerar uma produção mais limpa, com menos agroquímicos na lavoura”, conclui o pesquisador da Embrapa Trigo, Euclydes Minella, lembrando que, atualmente, o oídio é um grande problema na cevada brasileira, além da giberela, que é um problema mundial nos cereais.

[ Fonte: Dia de Campo ]

quarta-feira, 29 de maio de 2013

ACEA participa hoje de reunião do Fórum Municipal do Lixo e Cidadania


A Associação Campo-grandense de Engenheiros Agrônomos (ACEA) participa hoje (29/05) da 12ª reunião do Fórum Municipal Lixo e Cidadania (FMLC), que acontece às 14 horas no Centro de Educação Ambiental do Polonês (Rua Corveta, n.141, Bairro Carandá Bosque). 
Na última reunião, as comissões do fórum fizeram a explanação de seus planos de trabalho e a Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS) apresentou os andamentos de um projeto de inclusão e organização social dos catadores de materiais recicláveis no município. A ACEA também esteve presente.

Sobre o Fórum

O Fórum é um espaço plural e democrático composto por pessoas, entidades governamentais, não governamentais, associações, cooperativas e representantes da iniciativa privada envolvidos direta ou indiretamente com a gestão dos resíduos. Um momento onde ocorrem debates, são feitas proposições, articulações, apoio técnico, capacitações e sensibilização para a adequada gestão e manejo dos resíduos sólidos urbanos de Campo Grande.

O FMLC foi oficialmente implantado no dia 12 de abril de 2012, no auditório do CEA Polonês, a partir de um Decreto assinado pelo Prefeito. Tem reunido diversas entidades interessadas, e a ACEA faz parte deste colegiado deste sua criação.

[ Com informações da Semadur ]

Novo maracujá silvestre tem produtividade triplicada

A primeira cultivar de maracujazeiro silvestre registrada e protegida no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a BRS Pérola do Cerrado, foi lançada nesta sexta-feira (24) na Embrapa Cerrados, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), localizada em Planaltina (DF). O primeiro ciclo de seleção dessa variedade foi feito em 1994 e, após quase 20 anos de pesquisas, a Embrapa está agora disponibilizando a cultivar para a sociedade.
Ao longo desse período de estudos, a produtividade da espécie foi triplicada e seu tamanho aumentado. Os frutos, quando maduros, têm coloração verde-claro e amarelo-claro com seis listras longitudinais verde-escuras. Por se tratar de um maracujá silvestre, apresenta alta resistência a pragas e doenças, característica importante para os cultivos em sistemas orgânicos. O seu diferencial de mercado, no entanto, é que se trata de uma variedade com quádrupla aptidão: consumo in natura, processamento industrial, ornamental e funcional.

[ Fonte: Dia de Campo ]

terça-feira, 28 de maio de 2013

Conheça o Catálogo de Cursos da Embrapa Estudos e Capacitação

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II Curso de Ecologia Química Aplicada na Agricultura da Embrapa: inscrições terminam em 1º de junho

Termina no dia 1º de junho próximo, o prazo para se inscrever no II Curso de Ecologia Química Aplicada na Agricultura, promovido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia no período de 01 a 05 de julho de 2013. Estão sendo oferecidas 40 vagas para estudantes de pós-graduação das áreas de agronomia, química, biologia, entre outras relacionadas, além de técnicos agrícolas, extensionistas, pesquisadores, profissionais de empresas de insumos agrícolas, professores de universidades e tecnólogos.
O objetivo do curso é capacitar os participantes em técnicas e metodologias de pesquisa para isolamento e identificação de semioquímicos, tais como feromônios, na avaliação comportamental de insetos e na aplicação no manejo de pragas agrícolas. Para melhor aproveitamento do curso, é necessário ter conhecimentos de química – no mínimo, o curso de química geral - e biologia. A inscrição pode ser feita pela internet no endereço: http://www.cenargen.embrapa.br/cursos/2013.

Professores de universidades brasileiras e internacionais
A coordenação técnica do Curso está a cargo dos pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia - Miguel Borges, Maria Carolina Blassioli Moraes e Raúl Laumann. Além deles, participarão também como instrutores professores de universidades federais brasileiras - Lavras (UFLA), Rio Grande do Sul (UFRGS) e Brasília (UnB), Martin Pareja, Josué Sant ́Ana e Carlos Kleber, respectivamente – e a professora da Universidade Federal da Argentina, Romina Barrozo.

O conteúdo programático será ministrado a partir de aulas teóricas, abrangendo os seguintes tópicos: Introdução a métodos químicos usados em Ecologia Química; bioensaios e outras técnicas de análise de atividade biológica de semioquímicos; estatística aplicada à Ecologia Química e aplicação da Ecologia Química no manejo de pragas.

Feromônios
A ecologia química se baseia no estudo de sinais químicos emitidos por insetos e plantas para se comunicarem. Alguns destes sinais químicos, como os feromônios, são liberados pelos insetos e transportados na atmosfera, sendo, por vezes essenciais na comunicação e interação entre os indivíduos da mesma espécie, com os próprios predadores ou inimigos naturais e as plantas.

Os feromônios emitidos e captados no meio ambiente por indivíduos da mesma espécie apresentam grande influência no comportamento destes animais na captura de alimentos e no processo reprodutivo, como dispositivo de atração sexual.
Os cientistas da Embrapa reproduzem, em laboratório, as condições observadas na natureza para compreender melhor o mecanismo comportamental dos insetos visando, assim, o desenvolvimento de novas metodologias a serem utilizadas no controle e manejo de insetos-praga.
O trabalho de pesquisa desenvolvido na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia em parceria com outras unidades da Embrapa - Amazônia Ocidental, Arroz e Feijão e Clima Temperado - envolve o estudo de diferentes tipos de insetos-praga, dentre os quais podem ser citados: percevejos da soja e arroz, mariposas do milho, coleópteros de algodão e a broca do fruto do cupuaçu.
Segundo o pesquisador Miguel Borges, um dos coordenadores do curso, o controle biológico de pragas é um método racional e sadio. Essa tecnologia tem como premissa básica o investimento no uso de dispositivos naturais para o controle de insetos-praga de culturas agrícolas e, consequentemente, reduzir ao máximo o uso de defensivos químicos nas lavouras.
O resultado desta pesquisa tem como proposta disponibilizar para a agricultura familiar e o agronegócio uma tecnologia limpa e impactante tanto do ponto de vista socioambiental como do econômico.
Neste contexto, os produtos de uso agrícola, derivados de feromônios têm se apresentado como fortes aliados da sustentabilidade na agricultura e têm um mercado crescente frente à economia mundial, com 30% do mercado de biopesticidas no mundo, atrás apenas dos inseticidas bacterianos e botânicos.
No Brasil, as tecnologias baseadas no uso de feromônios já resultaram em mais de 15 produtos registrados e outros em fase de registro. A aplicação dessas tecnologias está em expansão para o controle de insetos-praga de diversas culturas agrícolas, como o dendê, a maçã, a goiaba, a uva, a cana-de-açúcar dentre várias outras, no Brasil e no exterior.
Inscrições até o dia 1º de junho de 2013 no site:http://www.cenargen.embrapa.br/cursos/2013
Mais informações pelo e-mail: cenargen.cursos@embrapa.br

[ Fonte: Dia de Campo ]

Milho: Definidas regras para Contrato de Opção de Milho

Foram publicadas no último dia 23, no Diário Oficial da União (DOU), as regras para o lançamento de uma operação de Contrato de Opção de Venda (COV) por meio da qual o governo poderá comprar, dos produtores, milho em grãos das safras 2012/2013 e 2013, a preços pré-fixados. O aporte para esta ação é de até R$ 580 milhões. Os parâmetros constam na Portaria Interministerial 330, assinada pelos ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, e da Fazenda, Guido Mantega.
A operação é aguardada há bastante tempo pelos produtores. Ela tem o objetivo de garantir preço de venda do grão ao produtor rural, caso as condições de mercado à época do vencimento não lhes sejam favoráveis e,  ao mesmo tempo, permitir a formação de estoques públicos de milho. Para os estados das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (exceto MT) o preço máximo que o governo pagará será de R$ 19,74/60kg. Já para os Estados do Mato Grosso e Rondônia o valor será de R$ 15,12/60kg. Os leilões serão realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Caso haja decisão pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a antecipação do contrato, será deduzida para cada mês de adiantamento R$ 0,46/60kg para os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, exceto Mato Grosso, e de R$ 0,42/60kg para Mato Grosso e Rondônia. Apesar de não definir os limites de aquisição de contrato por produtor rural (diretamente ou por meio de cooperativas), o Mapa poderá estabelecê-los para os leilões.
Podem participar produtores rurais, individualmente ou por meio de suas cooperativas. Na data da realização do leilão, os participantes deverão possuir cadastro em situação regular no Sistema de Cadastro Unificado de Fornecedores (SICAF). Eles também deverão estar adimplentes junto ao Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin). O Mapa poderá estabelecer limite de aquisição de contrato por leilão, para cada produtor rural, diretamente ou por meio de suas cooperativas.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Embrapa leva consórcio milho-braquiária a evento em Itaporã

O consórcio milho-braquiária é uma importante tecnologia, que traz sustentabilidade às atividades para o grande e o pequeno produtor. Essa tecnologia pode ser implantada tanto na safra de verão (safra das águas) ou na safrinha (safra  de outono-inverno), nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Em Mato Grosso do Sul, o consórcio tem sido utilizado na época da safrinha, em sucessão principalmente à soja. Essa tecnologia, já conhecida pelo produtor e recomendada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foi demonstrada pela Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS) no Dia de Campo "Tecnologias para Segunda Safra" da Agro Jangada. O evento será aconteceu no último dia 24 de maio, no campo experimental da empresa, em Itaporã, MS, das 8 às 12 horas.
No evento, o objetivo foi falar sobre os cuidados necessários para a implantação da tecnologia e sobre  os benefícios do consórcio para formação de palha, em que o milho é cultivado juntamente com a brachiaria ruziziensis. O analista da área de Transferência de Tecnologia, Euclides Maranho, será o responsável por transferir o conhecimento ao público-alvo do Dia de Campo.
Entre os temas, Maranho abordou os vários métodos de implantação que podem ser utilizados pelo produtor, com destaque para três deles, que estão relacionados com o posicionamento das sementes de braquiária em relação às linhas do milho: nas entrelinhas, nas linhas do milho e em área total. Segundo o engenheiro agrônomo e analista da Embrapa Agropecuária Oeste, Gessí Ceccon, os gastos com fertilizantes químicos são menores, quando a adubação é realizada apenas nas linhas de milho, sendo a palha uma importante fonte de matéria orgânica para o solo.
Já profundidade ideal de semeadura varia de acordo com a espécie utilizada, com o vigor da semente e com a época do ano, já que as diversas condições climáticas interferem na germinação das sementes em diferentes profundidades de semeadura. Com isso, o produtor rural terá menos gasto com sementes e, por conseqüência, melhor formação de braquiária. Em condições de safrinha, a melhor germinação tem sido observada nas profundidades entre 3 cm e 6 cm.
Outro destaque é a qualidade das sementes de braquiária, que precisam ser de alta pureza e germinação para evitar a entrada de sementes de má qualidade e de origem desconhecida. Durante a estação da Embrapa no evento, Maranho também falou sobre as vantagens do consórcio, como a manutenção da umidade no solo; a diminuição de erosão, de pragas, doenças e plantas daninhas; a manutenção da palha do milho sobre o solo após sua colheita; diminuição do risco de incêndio nas lavouras no período seco entre agosto e setembro, além fixação de carbono no solo, reduzindo a emissão de CO2, o que contribui com a redução do efeito estufa.
Mais um benefício é que a presença da braquiária verde na lavoura não deixa que palha do milho seja levada pelo vento, após colheita, para encostas de lavouras, bordaduras e beira de estrada. "Por ocasião do plantio da soja, a braquiária também vai manter a palha do milho na lavoura, e a passagem da plantadeira de soja não vai levar com facilidade essa palha. Portanto, evita que o agricultor faça a gradagem no solo", explica Ceccon.

[ Fonte: Dia de Campo ]

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sábado, 25 de maio de 2013

Livro ensina a preparar silagem de qualidade para o gado de leite




É possível obter uma alimentação bovina eficiente, que melhore a qualidade do leite sem onerar o custo de produção? Sim, é possível. Os procedimentos técnicos para chegar a esse resultado – e para resolver outras dúvidas dos produtores – podem ser encontrados na publicação “Silagem de Milho na Atividade Leiteira do Sudoeste do Paraná”, que está sendo lançada pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e pode ser adquirida aqui, ao custo de R$ 10.

A orientação vai “do manejo de solo e seus nutrientes à ensilagem de planta inteira e grãos úmidos”, conforme indica o título da obra. O livro, de 125 páginas, é parte de um projeto coordenado pela pesquisadora Norma Kiyota, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e visa oferecer orientações abrangente e didática a produtores e técnicos ligados à produção leiteira.

“O livro resulta de pesquisas feitas pelos autores, conjugadas com a produção técnico-científica já existente, para oferecer um material que trata o tema como um todo”, explica Norma. Assim, o material foi elaborado por pesquisadores de três diferentes áreas: socioeconomia, solos e produção animal. São autores os pesquisadores do Iapar Norma Kiyota, Renato Yagi, Simony Marta Bernardo Lugão, Vanderlei Bett, Jonez Fidalski e José Antonio Cogo Lançanova, juntamente com o médico-veterinário José Antonio Nunes Vieira e o engenheiro-agrônomo Valério Moro, ambos da Emater-PR.

A publicação é direcionada para as condições encontradas nas unidade de produção leiteira do Sudoeste do Paraná, considerando: fatores socieconômicos (como estrato fundiário, agricultura familiar; condições de investimento, e condições de solo e clima (favoráveis à produção de milho) e ainda as condições tecnológicas (para produção de leite a pasto). No primeiro capítulo é colocada a importância do manejo e nutrição do solo para a manutenção da sua fertilidade e para a produção de uma silagem de qualidade. Nos outros capítulos são apontados os meios para se obter silagem, de qualidade, com aplicação das técnicas de utilização de plantas inteiras ou os grãos úmidos de milho.

Está no livro 1
A silagem de grão de milho úmido é utilizada apenas na suinocultura. Pouco difundida entre os produtores de leite, essa técnica, entre outras vantagens, reduz os custos da alimentação animal, principalmente nos concentrados para gado leiteiro composto por quase 70% de milho. Além disso, a silagem de grãos de milho úmido é uma opção para resolver problemas de armazenamento de grãos nas propriedades, onde geralmente ocorrem grandes perdas em qualidade e quantidade por causa do ataque de insetos, roedores e fungos. Este tipo de silagem (grão de milho úmido) é uma forma simples e de baixo custo, segundo os pesquisadores, para armazenar fontes energéticas para alimentação animal na propriedade.

Está no livro 2
O livro “Silagem de Milho na Atividade Leiteira” é o que se pode chamar de publicação completa sobre um assunto específico e relativamente desconhecido da maioria dos produtores e técnicos. Seus três capítulos (“Manejo e fertilidade do solo para o cultivo de milho silagem no Sudoeste”; “Silagem de milho de planta inteira” e “Silagem de grãos úmidos de milho”) abordam cerca de 50 itens do tema.

No primeiro capítulo, orienta sobre a escolha da área (“gleba”) para plantio do milho. Como questão de honra para o IAPAR, aborda o planejamento conservacionista; manejo do solo e da água; sistema de plantio direto; nutrição mineral de plantas e fertilidade química do solo; amostragem e análise de solo e outras. O segundo capítulo trata de um conhecimento novo para os produtores (“silagem de milho de planta inteira”) e, entre outros pontos, aborda: processo de fermentação, tecnologia de ensilagem e composição desse tipo de silagem.
O tamanho e dimensionamento do silo é item que está presente em todos os capítulos. No terceiro capítulo (“silagem de grãos úmidos de milho”) são apresentadas as vantagens e desvantagem dessa técnica. Outros conteúdos são as tecnologias de ensilagem; a estabilidade aeróbica da silagem; a composição da silagem de grãos úmidos e os patógenos em grãos úmidos.

Importância do amido
A dieta de vacas leiteiras de alta produção é formada por 25 a 30% de amido. A melhora no aproveitamento dessa fonte de comida reflete rapidamente na produção leiteira. O aumento na produção leiteira com utilização de silagem de grão de milho úmido dá-se pela melhoria na digestibilidade do amido, com aumento na eficiência da energia (ácidos graxos voláteis), assim como do nitrogênio disponível no rúmen, aumentando a produção de proteína microbiana.

Agricultura Familiar
A atividade leiteira é boa opção para a agricultura familiar porque gera receita no curtíssimo prazo. E a produção paranaense de leite é garantida por propriedades com menos de 50 hectares. A agricultura familiar é responsável por quase 85% do total de leite produzido no Paraná. Utilizando a base de dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) em 2011, o valor da produção do leite no Paraná, em 2009 chegou ao seguinte número: 2.003.681.000,00.

“A produção de leite no Paraná é predominante nos estabelecimentos com até 50 ha, estrato no qual enquadram-se 85,65% dos estabelecimentos produtores de leite, com 71,99% das vacas que foram responsáveis pela produção de 67,71% da quantidade de leite produzida no ano”, diz a publicação do Iapar. Os autores observam: considerando a evolução da atividade leiteira no Paraná, a participação desses estabelecimentos (com menos de 50 hectares) na produção total de leite no estado também tende crescer.

[ Fonte: Dia de Campo ]

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Milho biofortificado foi lançado pela Embrapa

Uma cultivar de milho com quantidade de pró-vitamina A (carotenoides) cerca de quatro vezes superior à encontrada em cultivares comuns do cereal foi lançada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) no último dia 20 de maio. A pró-vitamina A se transforma em vitamina A a partir de reações químicas no organismo. Entre suas funções estão a manutenção de uma boa visão, uma pele saudável e um bom funcionamento do sistema imunológico. A falta dela no organismo humano resulta na hipovitaminose A, considerado um dos principais problemas de nutrição no mundo. Essa deficiência está associada à perda de visão em crianças.

A cientista de alimentos Maria Cristina Dias Paes, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Unidade responsável pelo desenvolvimento da cultivar, explica que o milho biofortificado – a cultivar será identificada pela sigla BRS 4104 – apresenta concentração de carotenoides percursores da vitamina A na faixa de 6 a 8 microgramas por grama de grãos. O milho comum apresenta entre 2,5 e 4 microgramas.

Em áreas experimentais na Embrapa Milho e Sorgo, o milho pró-vitamina A vem produzindo bem. De coloração amarela intensa, a cultivar foi desenvolvida a partir de um trabalho de seleção onde os grãos que apresentaram maior quantidade de pró-vitamina A foram selecionados e utilizados no processo de melhoramento. “Esse milho apresenta ciclo precoce e estamos muito otimistas com suas características agronômicas”, destaca Paulo Evaristo Guimarães, pesquisador da área de melhoramento.

A cultivar é resultado das ações do projeto BioFORT, nome que vem de biofortificação de alimentos, que trabalha o melhoramento genético convencional de culturas agrícolas que compõem a dieta básica da população brasileira e de outros países onde problemas nutricionais ainda são prevalentes. No Brasil, pesquisadores da Embrapa já conseguiram cultivares de mandioca e de batata-doce com altos teores de vitamina A e arroz, feijão e feijão-caupi mais ricos em ferro e zinco.

O milho biofortificado com pró-vitamina A é específico para programas sociais, como os de merenda escolar. O trabalho de transferência de tecnologia vem sendo feito pela Embrapa por meio da multiplicação de sementes biofortificadas pelas comunidades parceiras, cujos alimentos resultantes são utilizados em programas sociais, como o uso na merenda escolar e na dieta dessa população. Entre os impactos esperados estão o combate à desnutrição e à carência de nutrientes essenciais ao ser humano. Com a transferência dessa tecnologia, comunidades poderão ser beneficiadas com o consumo de alimentos mais nutritivos.

Embrapa lança hoje primeiro capim selecionado para os sistemas de produção integrados


Mais uma opção - BRS Paiaguás é o primeiro capim selecionado para os sistemas de produção integrados, podendo ser utilizado na entressafra da soja, solteira ou consórcio com culturas anuais e em rotações que envolvam pastagens de curta duração.

Manual técnico orienta a restauração de áreas degradadas

Publicação para baixar: Clique aqui para fazer download do Manual técnico para a restauração de áreas degradadas no estado do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Alternativa aproveita dejetos de suínos

Uma alternativa usada pela Embrapa Meio-Norte pode transformar dejetos suínos de pequenas criações em adubo orgânico. No Projeto Boa Esperança, realizado na Comunidade Brejão, em Antônio Almeida (PI), além tecnologias mais sustentáveis para a produção de suínos, é utilizada a cama sobreposta, que consiste em uma grande caixa feita de muretas de alvenaria onde são depositadas palhas ou outros materiais absorventes junto com os dejetos dos animais. Essa técnica garante a conservação ambiental, além de aumentar a rentabilidade e economia das pequenas propriedades.

Segundo Robério Sobreira, zootecnista da Embrapa Meio-Norte, na Comunidade Brejão, os suínos eram criados em mangueirões com grande quantidade de lama na época das chuvas. Essa lama era carreada para o riacho que corta a comunidade.

— A solução encontrada foi fazer algo barato e eficiente: um galpão de palha utilizando a cama sobreposta — conta o zootecnista.

Ele explica que, na medida em que os dejetos entram em contato com a palhada, eles desidratam sem a emissão de odor. Em determinado ponto, a caixa recebe uma nova camada de palhada e assim sucessivamente. Quando o ciclo é completado, a cama é retirada e destinada à compostagem, o que fornece um excelente material para a adubação orgânica.

— Para a realização da compostagem, é retirado um monte, que é periodicamente molhado. Para apressar ainda mais o processo, o produtor pode fazer o revolvimento desse material. Depois de até 60 dias, nas condições do Nordeste, o material adquire a aparência de húmus e pode ser utilizado — explica.
Sobreira diz que a cama sobreposta deve ser utilizada onde se tenha disponibilidade de materiais absorventes. Como benefícios, ela traz conforto e melhora a aparência dos animais, diminui a incidência de doenças, promove a economia de água, conserva o meio ambiente e aumenta a rentabilidade.

— No entanto, é preciso ressaltar que a cama sobreposta como melhor opção não é uma regra para a suinocultura, ou seja, cada situação tem suas particularidades. Em outras comunidades, um galpão nos padrões da suinocultura industrial pode ser mais eficiente e econômico — afirma.

Ainda de acordo com o entrevistado, o galpão construído no projeto comporta 25 animais, o que não impede que a tecnologia seja utilizada em uma escala maior, onde se comportaria até 100 animais de terminação.

— Estamos trabalhando com 2m de galpão por animal. Portanto, o galpão de 5m x 10m foi projetado para comportar 5 animais. Para obter o tamanho necessário para a terminação de qualquer outro lote, basta calcular a proporção — explica Sobreira.

Para mais informações, basta entrar em contato com a Embrapa Meio-Norte através do número (86) 3089-9100.

[ Fonte: Dia de Campo ]

Sua adubação é competitiva?


(Artigo assinado pelo pesquisador Álvaro Vilela de Resende, da Embrapa Milho e Sorgo)

Por envolver mais de 30% do custo de produção e ser um dos principais condicionantes da produtividade, o gerenciamento do fornecimento de nutrientes é um componente do sistema de cultivo que pode impactar substancialmente a rentabilidade das lavouras. Um aspecto intrigante na moderna agricultura do Brasil é o fato de a maioria dos produtores de grãos não ter uma dimensão mais exata de quanto seria a dosagem de adubos apropriada aos diferentes ambientes de produção constituídos pelos talhões da propriedade. Embora todo produtor identifique variações de produtividade conforme o talhão, a cultivar, as condições climáticas e as práticas culturais, poucos consideram essa informação como critério para a tomada de decisão na hora de planejar o uso de fertilizantes para a safra vindoura. O resultado dessa atitude costuma ser a aplicação de doses fixas dos mesmos fertilizantes a cada safra, sucessivamente. Assim, parece não ser claro, para muitos agricultores, o papel de uma adubação mais eficiente para a competitividade na produção de grãos.

A expansão do plantio direto levou a um maior tamponamento dos ambientes de cultivo e tornou mais complexo o diagnóstico do status de fertilidade do solo, de modo que num primeiro momento o desempenho das culturas pode não refletir, de forma visível, eventuais mudanças no manejo da adubação. Nessas condições, os benefícios de um dimensionamento mais criterioso do aporte de nutrientes não são sentidos imediatamente, mas poderão aparecer em médio ou longo prazo, influenciando a eficiência econômica do sistema de produção.
Duas situações têm se tornado comuns nas regiões agrícolas do País: a primeira diz respeito ao agricultor que acha que aumentar as doses dos fertilizantes que está acostumado a usar é sempre garantia de colheitas crescentes, enquanto a segunda refere-se ao produtor que se acomodou e usa sempre a mesma adubação, apesar de investir em sementes e tratos culturais mais modernos, que geram novos patamares de produtividade. A eficiência no uso de fertilizantes pode ser baixa nos dois casos. O agricultor que exagera na adubação costuma ter um solo "saturado" de nutrientes, em que as aplicações adicionais não correspondem a ganhos de produtividade economicamente compensadores, além de aumentar a chance de perdas e desequilíbrios nutricionais. Por outro lado, o agricultor que investe em novas tecnologias mas não atualiza sua adubação acaba comprometendo as reservas de nutrientes do solo, prejudicando a quantidade e a qualidade da matéria orgânica no plantio direto, além de não potencializar a renda que poderia usufruir de outras tecnologias, como, por exemplo, da utilização de cultivares de alto potencial genético.

Num cenário em que os preços de venda de grãos commodities recebem forte influência do exterior e os preços de compra de fertilizantes sofrem também uma pressão de demanda interna, com difícil previsão de comportamento do mercado, a economicidade das adubações deve ser posta em cheque constantemente. Para ser eficiente, o produtor não pode fechar os olhos e fazer adubações grosseiras. Conhecer mais a fundo as características do seu sistema de cultivo, que afetam a nutrição das lavouras, e se cercar do apoio de profissionais bem informados ao especificar e dimensionar a adubação podem representar o diferencial na busca de produtividade eficiente. Embora possa parecer óbvio, enfatizamos os termos "especificar e dimensionar a adubação", pois os nutrientes não são apenas o N, P e K, mas N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn..., cujas proporções disponíveis no solo oscilam ao longo das safras e o desequilíbrio de um compromete a eficiência dos demais. Portanto, uma adubação bem definida em termos qualitativos e quantitativos é um pré-requisito tão mais importante quanto mais intensivo o sistema de culturas adotado e quanto maiores as produtividades alcançadas.
A visão de adubação do sistema e não de uma safra/cultura isoladamente tem se mostrado um aspecto preponderante para o bom planejamento do manejo nutricional das lavouras. O padrão de alternância das culturas e as produtividades obtidas têm implicações nos estoques e na ciclagem de nutrientes no ambiente de produção. Sabe-se, por exemplo, que o milho cultivado após soja beneficia-se largamente do nitrogênio fixado pela leguminosa e liberado com a decomposição dos restos culturais. Baixas doses na adubação nitrogenada para o milho de segunda safra em sucessão à soja são suficientes para atender a demanda frente ao potencial produtivo nessa época de cultivo. Por outro lado, no milho de primeira safra rotacionado com soja, a adubação nitrogenada para cultivares de alta produtividade precisa ser reforçada, visto que o estoque do sistema (solo + palhadas) poderá contribuir com apenas parte da extração total do nutriente pelo milho nessas condições. Uma adubação deficitária penalizará a qualidade do plantio direto com um balanço negativo de N no sistema, num processo que, se continuado, irá depauperar o que demorou anos para ser construído.

No caso do fósforo, tem-se verificado uma tendência de acúmulo nos solos ao longo do tempo, principalmente nos mais argilosos, elevando bastante a fertilidade. Esse processo de enriquecimento do solo, associado à maior eficiência no aproveitamento dos nutrientes proporcionada pelo sistema plantio direto, faz com que não ocorram ganhos significativos de produtividade com adubações fosfatadas pesadas. Por isso, deve ser revisto o uso contínuo de fórmulas carregadas em P, que foi uma prática recomendada no passado para a abertura de áreas agrícolas, mas que pode ser anti-econômica em solos de fertilidade construída cultivados e adubados há muitos anos.

Em se tratando do potássio, é preciso atentar para a exportação relativamente maior pela soja em comparação ao milho, o qual acumula uma grande proporção do nutriente nas partes vegetativas que irão compor a palhada e sofrerão ciclagem após a colheita dos grãos. De qualquer modo, sistemas de produção mais intensivos requerem um grande fluxo de K para atender a demanda de extração pelo milho e pela soja de alta produtividade, o que implica na necessidade de maior quantidade do nutriente na adubação.

Percebe-se com esses comentários envolvendo N, P e K que, a partir de certo nível tecnológico, é oportuno procurar quantificar de forma mais precisa as entradas e saídas para se aprimorar a adubação de cada talhão, o que obviamente também vale para todos os demais nutrientes. Informações relativas às quantidades extraídas, exportadas e cicladas são fundamentais para se identificar a demanda de cada nutriente, confrontar com o diagnóstico de análises de solo e foliares, estimar os créditos existentes no sistema e chegar à necessidade de aplicação via fertilizante. Os ajustes serão mais confiáveis quando se dispuser de tais informações atualizadas e aferidas localmente, o que exige monitoramento mais freqüuente dos talhões.

Alguns desses aspectos são detalhados na Circular Técnica 181 da Embrapa Milho e Sorgo, disponibilizada em dezembro de 2012 (http://is.gd/vwi9Hb), que apresenta uma abordagem voltada para o manejo da adubação NPK em sistemas de cultivo de milho visando alta produtividade na região do Brasil central. A publicação traz reflexões sobre a dinâmica desses nutrientes no sistema plantio direto, estimativas de extração e exportação, além da sugestão de critérios para refinar o cálculo das adubações.

Na interação da pesquisa com o produtor, observam-se com freqüuência oportunidades de melhoria do manejo da fertilidade do solo que poderiam se refletir em maior competitividade para o sistema de produção conduzido na fazenda. A constatação mais comum é a aplicação desproporcional de nutrientes. Há casos em que o ajuste na aplicação de um único nutriente pode aumentar o retorno do investimento em outras tecnologias (sementes, defensivos, máquinas, irrigação). Há também situações em que é possível estabelecer uma estratégia variável na aquisição de fertilizantes, utilizando-se das reservas do solo nos momentos de alta dos preços dos nutrientes e recompondo-as quando os preços forem mais favoráveis.

Com a evolução dos sistemas de produção de grãos, justificam-se os esforços em informar, atualizar e conscientizar os profissionais de assistência técnica, agentes públicos e consultores privados, sobre as modificações na relação solo-nutriente-planta e as possibilidades de avanços gerenciais requeridos na agricultura moderna. O agricultor, como cliente das tecnologias, precisa conhecer e demandar tais avanços. Vale relembrar que também na fertilidade do solo a eficiência econômica deve ser o primeiro ponto a se observar quando se fala em produção sustentável, na plenitude do conceito (sustentabilidade econômica, ambiental, social, ética...).

Milho: Safra recorde mundial não será suficiente para suprir demanda

A possibilidade de uma safra mundial recorde ainda não afeta as cotações brasileiras, que têm se sustentado ou até apresentado alta na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. Segundo previsões divulgadas pelo USDA e pela Conab, dos 16 maiores produtores mundiais do grão, apenas Brasil e Egito devem reduzir a produção e Índia manter estável, os demais devem ter aumento da oferta. Em termos de demanda, a situação é semelhante, é esperada queda apenas por parte da Índia e da Nigéria. No total, deve haver avanço de 8,4% na produção, para 936,7 milhões de toneladas. Com a demanda abaixo da oferta, os estoques finais podem aumentar em 23,3%, mas ainda representam somente 16,5% do necessário para suprir as necessidades mundiais.

Projeto integra saberes populares e científicos


Em uma experiência inovadora de construção coletiva, a Embrapa abriu espaço para a sociedade civil participar de forma ativa da avaliação e elaboração de seus projetos. A iniciativa está em consonância com a proposta do principal tema em questão – a agroecologia e a agrobiodiversidade –, que pressupõe que os saberes populares estejam aliados aos saberes da ciência.

As discussões tiveram início no workshop “Agrobiodiversidade e Agroecologia no Nordeste”, realizado entre os dias 15 e 17 de maio em Petrolina (PE), em uma parceria entre a Embrapa e o Ministério do Meio Ambiente (MMA). O evento reuniu pesquisadores das Unidades da Embrapa que atuam na região (Agroindústria Tropical, Algodão, Caprinos e Ovinos, Cocais, Mandioca e Fruticultura, Meio Norte, Semiárido e Tabuleiros Costeiros), organizações governamentais e não governamentais, universidade e movimentos sociais.



Para subsidiar os trabalhos, foram apresentados os projetos voltados para a agricultura familiar no Nordeste que estão em andamento na empresa ou que já foram finalizados. Todos eles foram avaliados pelos representantes da sociedade civil, que, com essas informações e com as experiências acumuladas, levaram ao debate suas propostas, críticas e sugestões.

“Nós consideramos que foi uma iniciativa muito interessante, principalmente olhando para o conjunto de pessoas que tem discutido o tema”, observa Neilda Pereira, secretária executiva da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA - Pernambuco). Ela destaca especialmente a participação dos produtores, que são os reais protagonistas das ações em agroecologia: “Não estamos fazendo para essas pessoas, mas construindo com eles esse conhecimento a partir das experiências e a partir, sobretudo, da vontade que esse povo tem de viver nessa região, de construir alternativas e contribuir para as políticas públicas”.

A necessidade de ações mais participativas também foi reforçada pelos agricultores presentes no evento. “A gente sofre muita intervenção de políticas públicas, e elas têm sido erosivas em vários aspectos, porque vêm de cima para baixo e não dialogam com as experiências locais”, afirma Euzébio Cavalcanti, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Remígio (PB). Para ele, a pesquisa tem um papel muito importante na mudança desse cenário, pois se ela passa a ser transversal, com o tempo as políticas públicas também vão seguir o mesmo caminho, contribuindo para a construção da diversidade.

As trocas de informações e de experiências que ocorreram no evento também foram bem avaliadas pelos pesquisadores da Embrapa. “É interessante porque amplia a nossa visão e as nossas parcerias com os agricultores e as organizações sociais, permitindo que possamos colaborar mais nos projetos deles, assim como eles podem colaborar nos nossos”, declara Aldete Ferreira, da Embrapa Semiárido.

Para o pesquisador Altair Toledo Machado, gestor do Macroprograma 6 da Embrapa, voltado para a agricultura familiar, essa aproximação com os produtores vai permitir “construir projetos mais integrados, conectar-nos adequadamente aos problemas deles, desenvolver projetos ou lacunas que ainda não foram trabalhadas e potencializar aquelas ações que são demandas reais dos agricultores.”

Diagnóstico

Do encontro entre Embrapa e sociedade civil resultou a formação de um grupo paritário, com oito membros (4 da Embrapa e 4 da sociedade civil), que fica responsável por dar continuidade à discussão e às ações dos projetos em agroecologia e agrobiodiversidade. A primeira missão será a realização de uma sistematização da agrobiodiversidade no Nordeste, com um levantamento das plantas, nativas ou domesticadas, utilizadas ou conservadas pelos agricultores da região.


Esse diagnóstico é uma das metas do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), que integra a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), lançada em 2012 pelo Governo Federal, após longo processo de diálogo com a sociedade civil. Sua finalidade é integrar, articular e adequar políticas, programas e ações indutoras da transição agroecológica e da produção orgânica e de base agroecológica.

Sua implementação, em nível nacional, é coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Embrapa participa, entre diversas outras ações, da realização desse diagnóstico. Por esta razão o MMA, além de apoiar a realização do workshop, também esteve representado no evento, representado por Claudia de Souza, da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEDR), que apresentou aos participantes a Política e o Plano, dando subsídio para a realização dos debates.

A previsão é de que a sistematização da agrobiodiversidade na região Nordeste seja realizada até o mês de outubro. A partir de então, servirá de base tanto para a realização de ações do Planapo quanto para a continuidade da discussão entre a Embrapa e a sociedade civil para a elaboração de projetos integrados de pesquisa com foco em agroecologia e agrobiodiversidade.

[ Fonte: Dia de Campo ]